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Wentworth Miller, de “Prison Break”, assume-se gay
por João Marinho
A polêmica a respeito do tratamento dispensado a LGBTs na Rússia, de onde vêm notícias que vão de grupos radicais que torturam homo e transexuais e postam vídeos na internet até leis que proíbem a livre manifestação da orientação sexual e a luta política de LGBTs por seus direitos, gerou mais do que protestos e manifestações de atletas e políticos no Mundial de Atletismo (confira aqui e aqui).
Agora, até celebridades estão aproveitando o momento para sair do armário. Pelo menos foi o que fez, nesta quarta-feira, o ator Wentworth Miller, 41 anos, que se tornou famoso pelo papel de Michael Scofield na série de tevê “Prison Break”. Convidado a comparecer ao Festival Internacional de Cinema de São Petersburgo, na Rússia, Miller aproveitou para se assumir e declinar do convite.
“Obrigado pelo gentil convite. Como alguém que já desfrutou de uma visita à Rússia no passado e que também pode reivindicar um grau de ascendência russa, me faria feliz dizer sim [...]. No entanto, como homem gay, eu devo declinar”, escreveu o ator ao diretor do festival, conforme publicado no site da organização não governamental
GLAAD (anteriormente, Gay & Lesbian Alliance Against Defamation).
Wentworth Miller se referiu às atuais leis anti-LGBTs na Rússia como justificativa para sua recusa. “Estou profundamente preocupado com a atual atitude e tratamento para com homens e mulheres homossexuais por parte do governo russo. A situação não é, de maneira alguma, aceitável, e eu não posso, em sã consciência, participar de um evento comemorativo organizado por um país onde a pessoas como eu têm sido sistematicamente negado seu direito básico de viver e amar abertamente”. Arrasou, né?
São Petersburgo foi uma das primeiras cidades russas a aprovar uma uma lei que proíbe a “propaganda homossexual” a menores. Em 2012, após defender gays e a banda Pussy Riot em um show, a cantora Madonna correu o risco de ser multada em mais de US$ 10 milhões. A Justiça, no entanto,
rejeitou a ação.
No restante do país, a recente lei aprovada pelo governo Putin também bane a propaganda de “relações sexuais não tradicionais” para menores e proíbe a adoção de crianças russas por casais de mesmo sexo do país e do exterior. Na prática, dizem os críticos, a lei impede qualquer manifestação pró-gay. Em 2012, a Justiça de Moscou já
tinha proibido a realização de paradas gays pelos próximos 100 anos.
Em nota enviada à ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) e militantes gays brasileiros, a embaixada da Rússia no Brasil negou que a lei seja homofóbica. “Discriminação de qualquer gênero é proibida na Rússia a nível constitucional de acordo com os compromissos assumidos no âmbito da ONU e disposições correspondentes da Convenção Europeia dos Direitos Humanos [...]. A lei referida proíbe somente impor atitudes sexuais não tradicionais aos menores de idade. Isso não contradiz a Constituição russa, o que foi confirmado pelo Tribunal Constitucional da Federação da Rússia, que decretou em 2010 que a família, maternidade e infância no sentido tradicional são os valores que determinam a preservação e desenvolvimento do povo multinacional da Rússia [...]. As informações sobre uma ‘campanha da violência de grande escala’ em relação às pessoas da orientação sexual não tradicional que seguiu à adoção da lei acima mencionada não correspondem à realidade”, sustenta a embaixada.
Imagens: Reprodução Hebus/Fanpop!