ARTIGO

Varizes? Eu?!

O assunto pode ser doloroso. No mínimo, desconfortável. Trata-se da varicocele, que é o nome dado ao aparecimento de varizes, ou veias inchadas, na superfície da bolsa escrotal. Isso mesmo: no saco!

por Deco Ribeiro

Varicocele

Sim, homens também estão sujeitos a varizes, e esse tipo especial, obviamente, só atinge a nós.

O motivo, porém, não difere daquele que causa o aparecimento de varizes nas pernas, por exemplo: para garantir que o fluxo sanguíneo vença a força da gravidade (isto é, circule para cima), as veias possuem pequenas válvulas como as do coração, que só permitem que o sangue vá numa direção, mas não volte.

Quando essas válvulas não funcionam direito, ou quando há um alargamento da veia que impeça as válvulas de funcionarem, ocorre um refluxo do sangue, que aumenta a pressão nesse vaso sanguíneo e faz com que ele inche ainda mais. É quando surgem as varizes.

Diagnóstico

As artérias que irrigam a bolsa escrotal partem do abdômen e descem até os testículos. É no caminho de volta que as válvulas das veias podem deixar de funcionar e formar a tal da varicocele.

O sujeito nota a presença de veias dilatadas e tortuosas no seu saco escrotal e pode sentir desconforto ou dor no lado afetado, geralmente o esquerdo.

Isso se dá por razões anatômicas: a veia esquerda é a que mais sobe – até a veia renal –, enquanto a do testículo direito desemboca direto na veia cava, que corre ao longo da coxa e vai direto para o coração.

Se as veias dilatadas surgirem numa das metades do saco escrotal, não são doloridas ao toque e aumentam de volume enquanto a pessoa é submetida a algum esforço físico, temos aí praticamente uma certeza.

Caso ainda haja dúvidas, pode-se recorrer a uma ecografia testicular, uma cintilografia dos testículos ou uma termografia, exames que devem confirmar a ocorrência da varicocele.

Entretanto, muitas vezes, a descoberta do problema só acontece quando o homem não consegue engravidar a sua parceira e procura um médico – ela é uma das principais responsáveis pela infertilidade masculina.

Já os homens homossexuais devem recorrer aos métodos de observação citados anteriormente ou podem pedir para o companheiro dar uma checada durante o sexo oral...

Aproximadamente 15% da população masculina desenvolve varicocele, geralmente entre os 15 e os 25 anos de idade. Ela dificilmente surge em homens com mais de 40 e é raríssima em crianças. Pode ser resultado de alguma batida ou pancada na região – daí, a importância de atletas usarem protetores escrotais.

Eu tenho. E agora?

Calma. Normalmente, a varicocele não é motivo para pânico. Em muitos casos, o problema é mais estético (no aparecimento de varizes muito volumosas) e indolor, sendo resolvido com alguma espécie de suporte atlético ao saco escrotal e medicação por via oral.

No entanto, segundo um estudo conduzido pela Organização Mundial de Saúde com mais de 9 mil pacientes, a veia dilatada da varicocele pode pressionar e causar atrofia no testículo afetado, além de aumentar sua temperatura – daí sua contribuição na perda de fertilidade. A presença de varicocele é verificada em cerca de 35% dos homens com infertilidade grave e em cerca de 80% dos homens com algum grau de infertilidade.

De acordo com o Dr. Drauzio Varella, a varicocele não é uma doença grave se tratada corretamente e no momento adequado. “Como na maioria das enfermidades, diagnóstico precoce e controle médico periódico são fatores importantes para manutenção da qualidade de vida”, recomenda o médico em seu site (www.drauziovarella.com.br).

Entretanto, se a produção de espermatozóides estiver comprometida pela varicocele, a cirurgia aparece como a opção. A varicocelectomia, correção cirúrgica do problema, é um procedimento simples, que pode ser realizado em ambulatório, sob anestesia raquidiana ou peridural.

Através de dois pequenos cortes na região pubiana, é feita a ligadura das veias varicosas. O resultado geralmente é excelente. “Muitos casos de infertilidade são resolvidos dessa maneira. Trata-se de uma cirurgia simples que requer curto período de internação, e, em poucos dias, o paciente retoma suas atividades normais”, afirma novamente o Dr. Varella no website.

Mais detalhes, claro, com seu urologista. Viu como ele pode ajudar você e seu “amiguinho” em situações que você nem imaginava? E tem gente que ainda tem medo de médico...


Publicado em 15/12/2011. Imagem: Reprodução - malereproduction.com. Fontes: malereproduction.com e merck.com.g.