CULTURA
por João Marinho
Os nomes se multiplicam na música. Lance Bass, ex-integrante do 'N Sync; o dançante e latino Ricky Martin, que gravará a música oficial da Copa do Mundo no Brasil; Neil Tennant, dos Pet Shop Boys; o canadense e pop Rufus Wainwright; Adam Lambert, segundo colocado no programa "American Idol"; sem falar de veteranos, como Elton John, Freddie Mercury, George Michael e Michael Stipe, do R.E.M.
Sim, nós temos gays e nós temos lésbicas e bissexuais na música e também trans* – e eles cantam e dançam muito bem. Quem nunca ouviu a belíssima trans Bell (e) Nuntita e a travesti Conchita Wurst, que usa barba? Se não ouviu, deveria.
Isso sem falar dos "incógnitos", como Mike Furey, hoje único integrante do Dangerous Muse, que, em 2006, com seu então parceiro de banda, Tom Napack, criou o termo "heteroflexível": sem deixarmos de notar que o DM tem um claro apelo homoerótico, mesmo em algumas de suas letras.
Para além da orientação sexual ou identidade de gênero fora do armário (ou nem tanto), porém, há artistas assumidos que, para mim, pertencem a uma outra "categoria": aquela que faz de sua orientação sexual e/ou identidade o mote de suas obras, convertendo-as em uma linguagem que fala diretamente ao público LGBT ou simpatizante.
É o caso de QBoy, hoje DJ que atende pelo nome de Sam LeMans, um dos criadores do homo hop, subgênero de hip hop com cores homoafetivas; do ex-modelo e agora cantor country Steve Grand, que se lançou ao estrelato com uma música falando de um gay que se apaixona por um amigo hétero; e mesmo do grupo ucraniano Kazaky, que possui um casal gay em sua formação (Oleg Zhezhel e Artur Gaspar) e usa e abusa da androginia em salto alto.
Nessa "categoria" de artistas-LGBTs-que-usam-sua-identidade-como-linguagem, podemos destacar também o trio de drags cantoras formado pelas americanas Willam Belli, Detox e Vicky Vox – ou o rapper Cazwell, conhecido por explorar a sensualidade masculina, de apelo homoerótico, em clipes como "Ice Cream Truck". Outros nomes, como os igualmente assumidos Matt Fishel, Jonny McGovern e o ex-ator pornô Colton Ford aí também se encaixam, numa mistura de música, sensualidade masculina, homoerotismo e, me permitam usar uma nova expressão, homorromantismo.
No entanto, nem só de artistas estrangeiros vive o momento gay da música. Aqui mesmo, no Brasil, a Banda UÓ, originária de Goiânia, faz músicas com sarcasmo e duplo sentido no terreno do tecnobrega e possui em sua formação os gays assumidos Davi Sabbag (foto), ora louro, ora ruivo; Mateus Carrilho; e a transexual Mel Gonçalves, que adota o nome artístico de Candy Mel.
Do nome da banda às letras de duplo sentido, como em "Cowboy", que fala de "cavalgar em mim", não tem como não elencá-la na companhia ilustre desses outros artistas assumidos e talentosos. Quem quiser conhecer a Banda UÓ pode acessá-la na sua página do Facebook, entrar no SoundCloud do trio e ler algumas entrevistas bem legais:
http://www.muza.com.br/2012/08/leia-entrevista-excluziva-feita-com.html
http://www.revistaviag.com.br/second-pagina.php?id=706
http://entretenimento.gay1.com.br/2011/06/tendencia-e-ser-uo.html
A estrela da banda, de longe, é a vocalista Candy Mel... Mas, como aqui é um espaço gay, não posso deixar de destacar o Davi Sabbag. Louríssimo e lindo, ele não tem um quê de Alexander Skarsgård, o vampirão Eric, de True Blood? E, para os fãs, ele também tem página no Facebook.
Assista ao clipe Cowboy: cavalga em mim, em todos nós.
Imagens: Reprodução