OPINIÃO
por Carlos Tufvesson
Nos últimos anos e, sobretudo neste último semestre de 2009, o turismo gay tem sido um dos setores em alta no segmento – talvez o único. Por isso, é normal que várias cidades disputem essa fatia do mercado. Com o Rio, concorreram Barcelona, Buenos Aires, Londres, Montreal e Sydney.
Independentemente de que tudo do Rio é sempre uma polêmica, é fato, com estatísticas oficiais, inclusive, que o turismo gay cresce ano após ano na Cidade Maravilhosa. Uma galera gay de todos os cantos do mundo, literalmente, vem ao Rio – especialmente, de dezembro a março.
Segundo pesquisa realizada pelo Prof. Bayard Boyteux, do Centro de Pesquisas e Estudos de Turismo da UniverCidade, os turistas gays têm um índice de permanência na cidade 60% superior aos héteros e gastam, em média, o dobro de um turista convencional per capita. O estudo foi conduzido a pedido da Prefeitura, em 2007.
A pesquisa, realizada apenas com gays estrangeiros que estavam na cidade, também demonstrou que 55% deles escolheram o Rio como destino por ter uma população sem preconceito e pelo charme e beleza do homem carioca; 75% dos entrevistados consideraram a cidade gay friendly; e 97% pretendiam voltar.
Os números, por si só, já explicariam a indicação e a vitória – confirmada ontem –, mas, devido à nossa baixa estima, muitos teimam em não reconhecer o mérito.
Como militante LGBT carioca, eu poderia ir além e dizer que esse resultado se deve também ao trabalho de nossa militância local. O Rio de Janeiro foi pioneiro na lei 2.475/1996, que não permite discriminação em estabelecimentos comerciais. Vários municípios seguiram o exemplo, e hoje temos uma lei similar em âmbito estadual.
A cidade foi também pioneira no pensionamento de servidores públicos municipais gays (recentemente, também estaduais); pioneira em projetos como o DAMA, de capacitação profissional e recolocação no mercado de travestis, transexuais e transgêneros; e possui um Conselho LGBT municipal, além do estadual – mas nosso grande cartão postal é e sempre será a beleza natural de nossa cidade, infelizmente não muito cuidada por nós, cariocas, e seu charmoso lifestyle. Andar pelo calçadão de Ipanema num domingo e assistir ao pôr do sol na praia é uma experiência única!
Além disso, na minha modesta opinião, tendo já visitado não poucos, mas também não muitos lugares no mundo, é a cidade com maior profusão de homens sexies pelas ruas. Dá gosto ver o homem carioca com sua ginga na praia e “seu doce balanço a caminho do mar”...
Carlos Tufvesson é estilista e membro do Conselho Estadual LGBT do Rio de Janeiro e do Comitê de Garantia de Direitos da Prefeitura do Rio