ARTIGO

O Pau de Sebo da intolerância

Pela primeira vez, um(a) presidente recebe o "prêmio" de inimigo dos gays

por Ana Luiza Ribeiro

Reprodução

Neste ano, ocorreu a 22ª edição do Oscar Gay, que é um reconhecimento concedido pelo Grupo Gay da Bahia (GGB) às pessoas e instituições que deram apoio aos direitos humanos dos LGBTs e uma "premiação" às personalidades consideradas inimigas dos homossexuais ou que promoveram a homofobia.

Para os que são amigos dos gays, é oferecido o Triângulo Rosa, referência ao distintivo criado pelos nazistas nos campos de concentração para identificar os prisioneiros homossexuais e que hoje se tornou um dos símbolos internacionais do Orgulho Gay. Já para os que aparecem na lista do Troféu Pau de Sebo, o intuito é aproveitar uma tradição irreverente do folclore brasileiro para mostrar que ser contra os LGBTs é desnecessário e passível de crítica.

Alguns dos destaques positivos, ou seja, aqueles que receberam o Triângulo Rosa, foram: o ator Marco Nanini, por ter assumido sua homossexualidade; o jogador Edmundo e o técnico Toninho Cerezo, por declararem amor incondicional a seus filhos, gay e transexual, respectivamente; o Governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, pela promoção da campanha Rio Sem Homofobia e por garantir uso de nome social para travestis; o Tribunal de Justiça de São Paulo por condenar o apresentador Ratinho e a emissora SBT a uma multa de R$ 150 mil por uma ofensa homofóbica contra o pastor gay Victor Ricardo Soto Orellana; TV Futura, MTV, GNT, Globo e Editora Trip por excelentes matérias dedicados à homossexualidade; entre outros.

Presidente Dilma Rousseff/Reprodução

Entre os desafortunados, a lista é grande. Entretanto, aqueles que causaram maior burburinho foram: a presidente Dilma Rousseff, por ter vetado o Kit Escola Sem Homofobia, deixando de instruir seis milhões de estudantes sobre a cidadania LGBT e contra o bullying homofóbico; Alexandre Padilha, do Ministério da Saúde, pelo veto ao filme de prevenção à aids para gays no Carnaval; o ator global Marcelo Serrado, o Crô da novela Fina Estampa, exibida na Globo; e a travesti Rogéria, por se declararem contra o beijo gay na televisão; o lutador Antônio Rodrigo Minotauro, por afirmar que não treinaria um aluno gay; Os cartórios de João Pessoa/PB, por recusarem a oficialização da união estável entre pessoas do mesmo sexo; a torcida do Palmeiras, por exibir a faixa “Homofobia veste verde”; a Gafieira Estudantina, do Rio de Janeiro, por proibir que mulheres dancem com mulheres; e o padre Antônio Caiciliotti, de Londrina/PR, por defender que a homossexualidade é um "desvio" e "anormalidade" da natureza. 

A entidade pioneira em defender os direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros afirma que tais pessoas, e são muitas, por mais que tentem diminuir os gays e destruir os vários movimentos de libertação homossexual, nunca conseguem atingir seus objetivos e acabam caindo e se lambuzando no pau de sebo da intolerância.


Publicado em 13/03/2012. Fotos: Reprodução.