CONTO ERÓTICO


Menino de rua

por Maurício Lago

Sexta-feira. O professor havia pedido, três dias antes, que descrevêssemos uma “cena paulistana”, uma situação qualquer que presenciássemos, a fim de avaliar nossa capacidade de percepção.

Com um final de semana que se anunciava repleto de atividades profissionais, eu não teria tempo de fazer o trabalho. Por isso, estava ali, sexta-feira à noite, naquela praça deserta, esperando algum acontecimento.

Pelos meus cálculos, já devia passar da meia-noite. Pensei em ir embora, quando um homem apareceu. Pele morena, cerca de 1,80 m, cabelos castanhos raspados, pouco acima do peso. Trajava bermuda verde-musgo e camiseta azul-clara.

Passou por mim e sentou-se em cima de uma daquelas “casinhas” de cimento que costumam proteger os registros de água. Fitava-me. Devia perguntar a si mesmo o que alguém como eu, com material escolar, fazia àquela hora na praça. No entanto, ele era o objeto de minha investigação.

De repente, ouço algo atrás de mim. Quando me viro, deparo-me com um rapaz bem mais jovem, na faixa dos 19, 20 anos. Era magro, tinha pouco menos de 1,90 m de altura, moreno. Trajava jeans, boné amarelo e blusa verde-escura de moletom, com gorro. O zíper na parte da frente deixava aparecer parte do peito magro, mas malhado. Sentou-se ao meu lado.

– Sabe o meu nome? – perguntou.

Eu sabia. Era Jefferson, um dos meninos de rua que costumavam andar por ali há alguns anos. “Menino de rua” talvez não fosse bem a expressão. Primeiro, porque já era um homem. Depois, estava sempre bem vestido e de banho tomado, o que não se podia observar em seus companheiros – mas, agora, as unhas meio sujas, a magreza, a roupa que não devia ser lavada há dias eram sinais de que algo tinha mudado, e para pior.

Mal pude cumprimentá-lo, e ele começou a queixar-se da vida. Cumpria condicional, após ter sido condenado a dois anos e oito meses de prisão por assalto à mão armada. Perdera a namorada, deixara a família, vivia de pequenos furtos e passava fome. A maconha que antes usava havia dado lugar ao crack.

Demonstrava muito medo da polícia e me solicitou várias vezes que saíssemos da praça. Acabou por me convencer. No fundo, eu estava preocupado com seu bem-estar. Sou do tipo “manteiga derretida”.

De relance, percebi uma reação vigorosa do homem de camiseta azul-clara. Acenava para mim, nervosamente, balançando os braços e as mãos. Talvez quisesse me alertar para o perigo. Entendi o recado, mas algo me compelia a seguir Jefferson, que me guiou até uma rua escura, sem casas. Senti um frio na espinha. Tremendo, decidi dar meia volta e ir embora.

Era tarde. Jefferson havia-se colocado em meu caminho. Embora houvesse emagrecido, era ainda muito mais forte e alto do que eu, com meus 1,75 m. Tentei balbuciar alguma coisa, quando ele me perguntou, em tom desafiador:

– Tá com medo por quê? Pode continuar em frente!

Não tinha como fugir. Quase no fim da rua, havia um elevado de concreto rodeado de árvores, que deixavam a escuridão ainda mais intensa.

– Espera aí.

Parei. Jefferson enfiou as mãos no bolso traseiro de minha calça.

– Poxa, cara, não faz isso. Não precisa fazer assim. Por que não me pediu? – disse eu, com voz trêmula.

– Fica quieto, carinha. Não vou fazer mal a você, não.

Terminou de contar o dinheiro e disse, com um sorriso sacana.

– Agora, já podemos brincar.

Fiquei com raiva. Resoluto, fechei a cara e fiz menção de partir. Senti a mão forte segurando meu braço.

– Não vai, não. Só vai quando eu quiser, tá entendendo? – o tom já era de ameaça.

– Tá entendendo?! – gritou.

– S-sim.

– Isso, veadinho. Agora, vem cá e brinca com essa rola.

Puxou as calças e revelou um membro em riste, enorme, grosso e cheio de veias. A cabeçorra vermelha babava fios de um líquido espesso.

Nada pude fazer. Em segundos, a pica mal-lavada investia contra minha boca e me fazia engasgar. Meu caderno havia caído. Lágrimas desciam por meus olhos.

Jefferson me xingava de tudo quanto é nome, dava tapas estalados em minha cara, puxava meus cabelos para enfiar o pau mais fundo.

Em determinado momento, senti-o inchar. Tentei dizer para ele não fazer aquilo, mas o primeiro jato, forte, atingiu em cheio a garganta. Jefferson gozou litros de porra. Segurou minha cabeça. Engasguei, fiquei vermelho, mas ele não tirou até me ver tragar tudo.

Levantei-me chorando e, crente de que havia terminado, fui pegar minhas coisas, mas de novo a mão aprisionou-me.

– Não acabou, não, veadinho. Vai levar rola no cu, tá achando o quê?

– Não, por fav...

As mãos me puxaram pelos cabelos e fui arrastado para detrás de uma das árvores. Eu chorava e implorava para ele me deixar ir embora. Em vão. Tirou minha camisa e baixou minhas calças violentamente, deixando meu cuzinho indefeso e disponível.

Cuspiu em seus dedos, untou o pau, meu rabo e... Enfiou de uma vez! O grito teria sido estridente, não fosse a mão forte tapando minha boca.

Jefferson metia sem dó. Eu pedia para tirar, mas quanto mais protestava, mais fundo e mais forte ele enfiava. Fui perdendo as forças, e, resignado, permiti que aquele pau arrebentasse minhas pregas.

Algo, entretanto, era inexplicável. Mesmo com tanto sofrimento, meu próprio pau endurecia. Súbito, novo inchaço na pica de Jefferson. Sentia a porra dele me inundando por dentro e – mas o que era aquilo! – gozei fartamente, sem sequer tocar em meu pau!

Quando Jefferson tirou a rola, deixei-me cair, desfalecido, no chão. Percebi um fino fio de sangue, que escorria com seu esperma por entre minhas pernas. Ao ver que eu gozei, ele riu e disse:

– É uma putinha mesmo. Cuidado ao andar por essas paradas. Se te encontrar dando sopa por aqui, vou te arrombar todo, até não sobrar nenhuma prega.

Foi-se. Muito tempo depois, tive coragem e forças para sair dali. Encontrei o homem de camiseta azul-clara pelo caminho, que me ajudou a chegar em casa.

Não consegui finalizar o trabalho. O professor, então, me disse para voltar à praça e terminá-lo. Tive de fazê-lo – e foi quando reencontrei Jefferson...