REPORTAGEM
por João Marinho
Conforme Sex Boys havia adiantado, o veto, ao contrário do publicado por outros veículos de imprensa, não havia saído até agora. Kassab, em entrevista ao jornal Agora, confirmara que vetaria o projeto, mas até a última sexta, com o prazo chegando ao fim, não o tinha feito.
Entre as razões do veto publicado no Diário Oficial, Kassab disse que o projeto contraria o interesse público e é inconstitucional. Segundo o texto assinado pelo prefeito, a justificativa que acompanhou o projeto é impregnada de "sentimentos de intolerância com conotação homofóbica".
Kassab também argumenta que não haver sentido em comemorar "o orgulho de pertencer a uma maioria que não sofre qualquer tipo de discriminação" e cita a repercussão negativa da aprovação do projeto, em votação simbólica na Câmara, na imprensa nacional e internacional.
O prefeito também fez uso de argumentos que ecoaram a Carta Aberta da ABGLT, que recebeu a contribuição deste repórter, e outras entidades, como o risco de automaticamente relacionar heterossexualidade a moral e bons costumes, como propunha o projeto, enquanto passava a mensagem de que gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais seriam incompatíveis com esses valores.
Esses argumentos, em forma de artigo, podem ser lidos no site do Diversidade Tucana e também estarão disponíveis na edição 87 deSex Boys.
O projeto agora volta à Câmara. Para manter o veto, são necessários os votos de pelo menos 19 vereadores. O autor do projeto, Carlos Apolinário (DEM) lamentou a decisão de Kassab: "o prefeito me havia dado a palavra de que não sancionaria nem vetaria o projeto, deixando para a Câmara promulgar".
Apolinário credita a decisão à "pressão dos gays" e afirma que vai continuar lutando "democraticamente, combatendo os excessos e privilégios dados aos gays". Quais privilégios, não se sabe, já que os LGBTs de São Paulo têm sido alvos constantes de agressões homofóbicas.
Créditos de imagens: Reprodução/Divulgação
Publicado em 31/08/2011.