FETICHE
por Vladimir Alves
Ao contrário do que muitos pensam, as contingências identitárias entre gays, assim como entre heterossexuais, tendem a ser freqüentes nos vários setores sociais, como trabalho, família e relacionamentos.
Dessa forma, a identidade de gênero masculina – o gay másculo – costuma ser levada muito a sério, reforçando a situação de discriminação a muitos que exibem um comportamento “mais feminino”.
Cada panela, uma tampa
O empecilho está por toda parte. O fato de ser ou não efeminado – que é, na verdade, uma condição que pode ser perfeitamente natural da pessoa – pode causar muita frustração na hora da paquera.
Por outro lado, há também gratas surpresas para quem está à procura de um relacionamento duradouro ou mesmo uma ficada básica. Sim, há muitos homens que buscam rapazes com traços mais delicados como parceiros.
Na diversidade de gostos, cabe tudo: de gays que buscam outros gays para namorar, desde que não sejam efeminados, até aqueles que têm preferência por quem “dá pinta” e outros que, ainda, gostam daqueles que sejam efeminados só entre quatro paredes.
“Todos os meus namorados precisam ter um ar de menininha, uma aparência delicada, um olhar terno [...]. Se o cara é metido a macho, todo boy, meu tesão vai embora. Gosto de beijar, acariciar e transar com um cara mais sensível, efeminado. Eles são mais carinhosos, sabem retribuir a paixão, criam um clima de êxtase e, pelo menos pra mim, são mais doces e fogosos na cama”, diz o empresário Carlos, que prefere não revelar a idade, mas aparenta ter mais de 40.
Papéis
Não é incomum que, entre os fãs de rapazes efeminados, estejam homens mais velhos. A explicação, embora não comprovada teoricamente, soa lógica para alguns: o fato de estar com um rapaz mais delicado torna os mais velhos mais seguros na relação; eles tendem a se sentir “machos”, “donos” da situação.
No entanto, também não é difícil encontrar efeminados que se curtem entre si. Marco, 39 anos, gerente hoteleiro, é um deles: “Não tenho frescura. Não busco capa, busco conteúdo. Com todos os meninos efeminados que fiquei, fui muito feliz. Não creio que seja uma tara, mas uma preferência por rapazes como eu”.
Em um site da internet, uma pesquisa perguntou: “Você namoraria um gay efeminado?”; 71,3% dos internautas disseram que não; 16,7% revelaram que sim, numa boa. O mais curioso é que 12% afirmaram que namorariam, mas tentariam mudar os trejeitos do parceiro.
A pesquisa não tem valor científico, mas chama a atenção por um dado: na verdade, o fetiche, tesão, gosto ou preferência existe. O que pega mesmo é o preconceito perante a sociedade em geral – e isso já é outra história...