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Polícia Civil vai investigar ameaças contra Emerson Sheik        

Jogador de futebol publicou foto dando um selinho em um amigo e recebeu ameaças

por Caio Delcolli

   

Emerson Sheik, heterossexual jogador de futebol no Corinthians, publicou em seu perfil no Instagram, no último domingo (18/08), uma foto dele dando um selinho em um amigo. Não deu outra: o futebolista foi um dos grandes assuntos da semana e chegou a receber ameaças de torcedores homofóbicos.

Agora, a Polícia Civil de São Paulo vai investigar a Camisa 12, torcida organizada do Corinthians, sob a suspeita de ameaças contra o jogador e prática de homofobia ao buscarem proibir homossexuais no time.

A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) está cuidando do caso. Margarette Barreto, delegada, afirma que a instituição vai ouvir a presidência da Camisa 12 a fim de identificar os membros dela que fizeram ameaças a Sheik e esclarecer o que eles têm a dizer a respeito de seus protestos. Caso o jogador se sinta ameaçado, pode fazer uma representação contra os membros da Camisa 12, de modo que um inquérito policial pode ser aberto. Uma queixa-crime por injúria a gays também pode resultar em inquérito. Até lá, a polícia investigará as ameaças.

Emerson Sheik publicou a foto a fim de se declarar contra a homofobia. No dia seguinte, cinco torcedores foram se manifestar com cartazes em frente ao Centro de Treinamentos Joaquim Grava, mostrando-se contrários à atitude da publicação da foto. As faixas diziam “Vai beijar a P.Q.P.” e “'viado' não”. Manifestações deste cunho foram prometidas caso Sheik não peça desculpas retratando-se publicamente.

Em entrevista ao G1, delegada Margarette Barreto diz que um dos objetivos do Decradi é monitorar ações de intolerância a fim de prevenir e evitar a violência. Ela considera a possibilidade de um “efeito onda”. “Homofobia é uma coisa séria. Para evitar que um mal maior aconteça, já decidi pedir a investigação do caso”, comenta. “Existe o risco de o atleta ser agredido, ou de outros atletas e até gays serem agredidos por conta disso.”

A delegada considera louvável a atitude de Sheik. “[O] futebol é um universo muito machista. Foi bem bonito e corajoso o que ele fez. Mais jogadores poderiam se engajar nessa causa contra o preconceito e contra a homofobia.” Imagens: 

Reprodução; Djalma Vassão/Gazeta Press