ENTREVISTA

Carlo Cox: qualidade exportação

Ele se formou tradutor por uma renomada universidade paulistana. Fez teatro, foi cantor de ópera, é consultor de Feng Shui e estuda psicologia em Londres – mas Carlo Cox é mais conhecido por outros atributos: peludo, musculoso, bem-dotado e brasileiro, é um dos atores mais famosos do pornô internacional.

por João Marinho

Carlo CoxConhecido por ser dominador nos filmes, Cox é, no particular, um homem forte de estatura média e muito simpático – mas que transpira sexualidade após alguns minutos de conversa.

Quando fizemos a entrevista abaixo, ele estava de passagem pelo Brasil com seu namorado londrino. Inteligente, bom de papo e articulado, o astro de estúdios de peso, como Titan, Pacific Sun e Catalina, revelou a Sex Boys tudo que você sempre quis saber.

Sex Boys: Carlo, a primeira pergunta é de praxe: Como você se tornou ator pornô?
Carlo Cox:
Foi de brincadeira, pois nunca pensei em gravar. Bom, eu estava, um dia, numa sala de bate-papo, e, naquelas de mandar foto, o sujeito me pergunta se eu não queria fazer filme pornô.
Dizia ele que era amigo do Kristen Bjorn [NR: famoso diretor de filmes pornôs gays nos EUA] e, se eu estivesse interessado, ele podia mandar as fotos para o Kristen. Eu disse: “é claro” – mas de brincadeira.
Depois de uma semana, o sujeito me envia um e-mail, dizendo que o Kristen não tinha respondido – e perguntando se eu não queria mandar as fotos direto.
Eu mandei, e essa história me impulsionou… Houve um jogo de egos. No final, comecei a pesquisar os estúdios e notei que os melhores ficavam em Los Angeles. Consegui uma lista e mandei minhas fotos para todos. Dois ou três dias depois, recebi um convite da Titan para filmar dali a uns quatro meses.

SB: Mas o Kristen não respondeu?
Carlo Cox:
Nunca respondeu. Depois, eu até descobri por quê. Ele prefere mais “menininhos”.

SB: E você aceitou o convite da Titan...
Carlo Cox:
Ah, eu não acreditei. Não pensei que fosse receber um convite, mas comecei a maturar a ideia e, uma semana depois, disse sim. Começamos a negociar o cachê, a passagem...
Aí, nesse meio tempo, já que eu ia a Los Angeles, resolvi aproveitar a viagem. Continuei contatando outros estúdios. Recebi um convite da Catalina e já viajei com esses dois.

SB: E como você emplacou a carreira?
Carlo Cox:
A bola lá corre muito rápido, e eu fiquei muito amigo do Gino Colbert [NR: outro diretor famoso], que conhece todo mundo.
Estando lá e fazendo os filmes, recebi convites diariamente. Com o tempo, voltava menos para o Brasil e acabei ficando por lá.

SB: Depois, você mudou para Londres. Por que a mudança?
Carlo Cox:
Fui a Londres por um mês passar férias – mas conheci meu namorado, com uma semana que eu estava lá. Fiquei e resolvi voltar a estudar psicologia existencial.

SB: Você foi cantor de ópera e já fez teatro. Isso ajuda sua interpretação num filme pornô?
Carlo Cox:
Sempre ajuda em alguma coisa, mas, no geral, o que me deu mais liberdade no pornô foi minha liberação como indivíduo: ser dono de mim, ter uma boa autoestima e dar vazão aos meus desejos mais íntimos.

SB: Outros atores do pornô norte-americano têm sempre alguma formação do tipo, um curso de interpretação, etc.?
Carlo Cox:
Não, não. São pessoas que vêm de todos os setores. Há psicólogos, arquitetos, muitos comissários de bordo...

SB: E o que você acha do pornô gay no Brasil?
Carlo Cox:
Olha, francamente, é uma indústria que tem muito a aprender.
Para você ter ideia, houve um dia em que eu estava de férias aqui e, do nada, recebi um telefonema do dono de uma empresa, dizendo para eu passar no escritório, pegar um ônibus e ir “já” pra Campinas gravar. Eu nem sabia quem ele era. Pra você ver como esse sujeito trata os atores dele...

SB: Aqui, muitos atores também não dizem que são gays...
Carlo Cox:
Ah, essa é a grande diferença, né? É uma coisa bem latina essa de “não admitir”. Lá fora, as pessoas se assumem.

SB: Você acha que isso atrapalha a qualidade dos filmes no Brasil?
Carlo Cox:
É lógico! Olha, sobretudo lá nos EUA, alguns atores são héteros. Eles fazem pelo dinheiro ou porque gostam de experimentar, mas fazem e não têm problema – e é em menor número. As pessoas têm uma relação mais honesta com sua própria sexualidade.
É uma diferença bem cultural essa coisa do preconceito do próprio gay – e não é só privilégio do Brasil. É algo latino.
Aliás, uma coisa engraçada aqui, na América do Sul, é que também são todos “ativos”, né? Não tem passivo [muitos risos]. Quem os ativos comem? [risos].

SB [risos]: Por falar nisso, você sempre faz ativo?
Carlo Cox:
Sempre, em todos os meus filmes.

SB: Por quê?
Carlo Cox:
É minha preferência, inclusive no dia-a-dia – mas, no meu casamento, é diferente: é de acordo com o que vai acontecendo.

SB: É verdade que você já foi escort boy [NR: garoto de programa]?
Carlo Cox:
Ah, sim, mas parei pouco antes de conhecer meu namorado. É comum isso lá nos EUA: ator virar escort ou escort virar ator.
Foi uma experiência muito divertida. Essa, sim, era uma fantasia minha, e não gravar filmes.

SB: Atendia só nos EUA?
Carlo Cox:
Eu viajei muito, inclusive para fora dos EUA. A pessoa pagava tudo: hotel, cachê e passagem. Ganhei muito dinheiro, mas, ao contrário da maioria das pessoas, fiz isso por pura fantasia.

SB: Alguma experiência marcante ou insólita?
Carlo Cox:
Uma vez, um cara combinou comigo de deixar a porta dele aberta e eu entrar com uma vela, vestido de couro – e eu tenho roupa de couro e todos os apetrechos. Ele estaria lá, dormindo, e eu devia “estuprá-lo” [risos].

SB: Você curte couro, então... Sadomasoquismo também?
Carlo Cox:
O couro é uma coisa mais estética. Não curto sadomasoquismo. Agora, dominação, acho que pode ser um jogo excitante. Fetiche é algo que considero muito saudável.

Perfil
Nome: Carlo Cox
Idade: 46 anos (2009)
Altura: 1,74 m
Peso: 92 kg
Dote: 20 cm
Pé: 41
Signo: Touro
Posição: ativo
Site oficial: www.carlocox.com


Imagens: Reprodução/Divulgação