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Começa hoje, em São Paulo, o festival pornô PopPorn              

Workshops, palestras, artes plásticas e exibição de filmes farão parte do evento multidisciplinar

por Caio Delcolli

A República vai ficar pequena para tanto tesão. O bairro do centro de São Paulo vai receber a terceira edição do PopPorn – um festival pornô que vai durar 48 horas. Começa sábado, ao 12h, e termina às 22h de domingo. O grupo de dança The Burlesque Takeover inicia as atividades com uma apresentação hoje, às 22h, para convidados, imprensa e apoiadores do festival.

Exibição de filmes, workshops, debates, festas, eventos de arte, apresentações musicais e performances são algumas das várias opções que o evento vai oferecer. A mostra chamada “Bike Smut” – um subgênero do erotismo que envolve bicicletas em cena – vai ter exibição pública de filmes, a fim de alterar o conceito que os paulistanos têm de obscenidade. Um dos workshops será o “Pornô Faça Você Mesmo”. Ruy Rufião, da produtora de pornô alternativo Xplastic, é o ministrante da oficina, que consiste na produção de roteiros pelos inscritos. Atrizes farão as cenas enquanto Rufião explicará técnicas e dará dicas.

Uma versão gay do workshop será ministrada pelo uruguaio J. J. Rodrigues. O cineasta dirige curtas sobre temas gays há sete anos e ensinará aos presentes técnicas do audiovisual. Dois atores estarão presentes para as realizações. Rodrigues é diretor do Pornodocumentário, em que garotos de programa e atores pornô relatam carreira e relacionamentos. A versão que passará no festival tem cenas de sexo.

 

     

O grupo The Burlesque Takeover (Foto: Vera Papini)

 

O cinema transgressor no que se refere a sexo nas telas também terá seu espaço. O drama lésbico chileno Joven y alocada (2012), premiado no festival de Sundance, e o polêmico brasileiro O Come Tudo, clássico cult da década de 1980, estão na agenda do evento. O segundo filme, dirigido por Sady Baby, foi proibido por ter uma cena de sexo explícito onde um menino de quatro anos aparece. Apenas na década seguinte o filme foi lançado em VHS, mas com a cena cortada.

Cartunistas e desenhistas apresentarão obras de retrato de seus próprios pênis. “Pedir que artistas se vejam através do espelho, onde o corpo imageticamente está em conjunto, mas solicitar que retirem apenas o órgão de maior poder social para um autorretrato, é deixá-los completamente expostos”, informa o site oficial do evento. Allan Sieber, Glauco Guimarães e Ricardo Coimbra são alguns dos artistas que terão seus trabalhos expostos.

O PopPorn se categoriza como “multidisciplinar” e mostra o sexo como um recurso de linguagem audiovisual. “O objetivo do evento é aglutinar ideias, trabalhos, projetos, práticas, atividades e, sobretudo, pessoas em torno da sexualidade”, diz o site. “Transitar entre as fronteiras da indústria do sexo, cultura pop, performance e arte, construir, propor e investigar discursos alternativos aos conceitos tradicionalistas e preconceituosos da pornografia.”

A jornalista e produtora cultural Suzy Capó, uma das organizadoras do PopPorn, considera importante a realização do evento no atual cenário do avanço fundamentalista religioso que o Brasil vive hoje. “[É] um manifesto contra a intervenção das igrejas no estado laico, um antídoto contra o conservadorismo que coíbe a livre expressão da sexualidade.”

O PopPorn tem raízes no festival alemão PornFilmFestival de Berlim e acontece desde 2011 em São Paulo. Para conhecer as demais atrações do evento, acesse o site oficial dele: www.poporn.com.br

PopPorn (ou “Virada Pornô”): Trackers – República, centro de São Paulo, SP. Rua Dom José de Barros, 337. Telefone para contato: (11) 3337-5750. A partir das 12h de sábado, dia 8, até as 22h de domingo, dia 9.

Imagens: Divulgação   
Aspas de Suzy Capó: revista Trip