FETICHE

Exocet: calcinha!

Não é de hoje que homens se vestem de mulher. De travestis a drag queens, do Carnaval de rua às práticas BDSM reservadas, o sexo masculino sempre se enveredou pelo gênero oposto para chocar, entreter, se divertir... E gozar!

por Deco Ribeiro

CalcinhaMais que uma simples vestimenta ou fantasia, a roupa feminina, muitas vezes, causa uma fascinação que beira (ou efetivamente é) o fetichismo no homem – e também entre grupos de gays e bissexuais, pessoas que já transitam em terras sexualmente diversas.

Saindo da gaveta
Aparentemente na contramão do “movimento” que exige gays cada vez mais “machos”, esses homens não abrem mão da lingerie e do cetim e se entregam ao prazer de vestir e colecionar roupas femininas.

No entanto, o que antes era feito às escondidas, ganhou ares de comunidade em tempos de exibicionismo eletrônico. Literalmente.

“Eu adoro espartilhos, ligas, meias, calcinha fio dental [...]. O contato das rendas ou da seda na minha pele me deixa louca”, diz a crossdresser Gabbi, em uma das centenas de comunidades dedicadas ao tema que já surgiram no orkut. “Curto tudo: figurino, acessórios e maquiagem. Minissaia é uma delícia, baby-doll, camisetinhas, meias 7/8... Amo de paixão – mas basta uma calcinha para suprir isso tudo [...]. Uso calcinha mesmo com roupas de homem e no meio de homens”, confessa outro usuário.

A preferência pela lingerie se dá, muitas vezes, exatamente por isso: a possibilidade de usar uma peça feminina mesmo com roupas masculinas por cima. “Eu uso uma meia-calça preta por baixo do terno, no trabalho”, conta outro. “Amaria poder encontrar outro homem assim: bater um papo rotineiro e poder mostrar as pernas com meia-calça. Seria fantástico!”.

E os namorados, gostam?
Como na prática de todo fetiche, sempre tem quem goste. Cabe ao interessado encontrar alguém legal que deixe rolar a fantasia. “Na minha última transa, no carro, estava usando calcinha fio dental, cinta-liga, meia 7/8 e sutiã, tudo preto, por baixo da roupa”, conta o usuário Fred. “Quando tirei a roupa, meu namorado enlouqueceu. Adorou o modo como eu estava vestido. Coloquei um escarpim salto agulha e transamos uns 40 minutos. Fui 100% ‘passiva’. Foi delicioso!”.

Quando se torna um problema...
No geral, esse tipo de fetiche não deve causar maiores transtornos. No entanto, se exagerado na dose ou se causar frequente perturbação, culpa, depressão ou constrangimentos sociais para o usuário em casa ou no trabalho, pode ser melhor consultar um psicólogo ou psiquiatra. Fetiches devem dar prazer, não sofrimento, ok? Afinal, como resume bem um internauta, “usar calcinha é a melhor coisa do mundo!”.


* Deco Ribeiro é é jornalista, autor do livro Garotos invisíveis: adolescentes gays, lésbicas, travestis, transexuais e bissexuais e fundador do site www.e-jovem.com.


Publicado em 25/10/2011.