ARTIGO

Perfumes: encanto e sedução

Não basta só cuidar do "corpitcho", estar com o cabelo bem-cortado, a barba feita e a roupa impecável. Um bom perfume também faz diferença na hora da conquista

por Vladimir Alves e João Marinho

A palavra perfume vem do latim per fumus. Primitivamente, designava substâncias aromáticas queimadas nos altares para “seduzir” os deuses ou aplacar sua fúria. Hoje, o perfume não garante mais a proteção dos seres superiores, mas ainda deixa muita gente segura ao exalar extratos que vão das frutas cítricas ao amadeirado.

Há perfumes que agradam a todos os bolsos e gostos - mas cuidados na hora de adquirir uma fragrância que combina com a pele e o estilo de cada um ajudam, e muito, na hora de sair por aí espalhando bons ares.

 

Classificações
Os perfumes podem ser classificados de acordo com a concentração de óleos aromáticos essenciais (essências) dissolvidos em um solvente - geralmente etanol e água; e de acordo com os tipos de fragrância, ou famílias olfativas.

A) De acordo com a concentração

Extrait ou parfum: o extrato, ou perfume propriamente dito, é o mais nobre e mais envolvente. Tem concentração de essências em torno de 18-20% a 40%, sendo que geralmente é empregada uma concentração de 24-25%. A duração na pele é de 12 a 20 horas. É pouco comum no Brasil.

Eau de parfum ou parfum de toilette (EdP): também chamado de água de perfume, ou loção perfumada, também é pouco comum por aqui. Pode chegar a 30% de concentração de óleos essenciais, mas geralmente fica entre 10 e 20%, sendo a concentração mais comum em torno de 15%. Provê um aroma marcante, mas mais sutil que o extrato, com duração na pele de 6 a 8 horas;

Eau de toilette (EdT): o produto mais vendido no Brasil, aportuguesado para água de toalete. Pode chegar a 20% de concentração de essências, mas geralmente fica entre 5 e 10%, com uso bastante frequente do intervalo entre 8 e 12%. Na pele, tem duração de 4 a 6 horas e ressalta as notas frescas;

Eau de cologne (EdC): também conhecido por água de colônia ou simplesmente colônia, tem duração efêmera na pele, mas passa uma sensação de mais frescor; ótima para depois do banho. A concentração típica fica entre 2-3 e 5%, mas pode ir um pouco além, desde que não ultrapasse os 7-8%. A concentração de 6%, por exemplo, é bastante comum;

Eau de solide (EdS): muito fresco, trata-se de um novo tipo de perfume que surgiu em 1994 e tem uma concentração de essências de aproximadamente 1%. No Brasil, os produtos de concentração mais baixa costumam receber o nome de deocolônias, e muitas têm concentração típica de um EdS, embora não haja uma correspondência necessária entre os dois termos.

 

B) De acordo com o tipo de fragrância (dominante olfativa)

Entre tradicionais e modernas, há mais de uma forma de agrupar os perfumes pelos tipos de fragrância. Destacamos aqui algumas que achamos bastante úteis:

Florais: agrupa perfumes românticos e delicados, geralmente femininos, em que as notas dominantes são de flores. O floral “clássico”, ou único, é dominado pela essência de uma flor em particular, mas existem outros “subtipos”, como o floral amadeirado e o bouquet floral, que trabalha com a combinação de várias flores;

Frutais: fragrâncias frescas, doces e aromáticas, geralmente usadas durante o dia. Frutas como abacaxi, cereja, maçã, pêssego e figo estão entre as mais usadas e são, muitas vezes, combinadas com flores de aroma suave, como o lírio. Modernamente, podem ser classificados junto aos cítricos;

Cítricos: obtidos da casca de frutas como a bergamota, o limão e a laranja. Dão a sensação de frescor e combinam com um perfil esportivo. Muito usados em colônias, os cítricos talvez sejam a família mais aceita pelo público masculino;

Chipre: em 1917, um perfume foi batizado com esse nome por François Coty, e o sucesso fez dele o pai de uma família que se baseia nos acordes do patchouli, da bergamota e da rosa ou do jasmim. São perfumes sensuais, quentes, frescos e revigorantes, que lembram folhagens colhidas e são bem populares entre jovens. Modernamente, numa interpretação mais leve, são chamados de verdes;

Amadeirados: muito usado em perfumes masculinos, o nome se autoexplica. São fragrâncias suaves e quentes, que podem ser secas, como o sândalo, o cedro e o patchouli. Passam a sensação de elegância;

Âmbar: também chamados de orientais, têm notas abaunilhadas, que utilizam especiarias (cravo, canela, etc.) e combinam com a noite. Podem ser suaves ou mais fortes;

Couro: com aromas secos, tentam reproduzir o odor característico do couro, da madeira queimada, do tabaco;

Gourmand: esses perfumes lembram algo “comestível”, “sobremesa”. É comum usarem baunilha e tonka beans, que lhes dão uma característica “cremosa”;

Aldeídos ou sintéticos: clean”, as essências são todas produzidas em laboratório e são suaves, redondas. Remetem à limpeza (como roupas recém-lavadas) e ao frescor;

Oceânicos/ozônicos ou aquáticos/ozônicos: uma família nova, iniciada em 1991 pelo perfume Dune, de Christian Dior, segundo estudiosos. Também clean e sintéticas, as fragrâncias remetem a ambientes abertos, como praia e bosques e/ou aromas marinhos. São geralmente unissex.

 

Preferidos
Os gays costumam ocupar a lista dos maiores consumidores de perfumes e, por vezes, deixam as mulheres para trás.

“Faço vitrines em lojas de grife, e a maioria das peças que monto têm alguma referência GLS. Pode ser uma foto subliminar, um detalhe mais à mostra, porque os gays são excelentes clientes de perfumarias e lojas do tipo”, revela Wagner Mello, vitrinista e designer de uma famosa marca de cosméticos.

Tanta demanda resulta em uma lista com os perfumes mais procurados e concorridos pelo público gay. Confira alguns:

Dreamer (Versace): oriental amadeirado. Notas de artemísia, tabaco, âmbar e lírio.

Le Male (Jean-Paul Gaultier): fougère oriental. Notas de menta, artemísia, bergamota, lavanda, canela, flor de laranjeira, sândalo, baunilha, cedro e âmbar.

Acqua di Gio (Giorgio Armani): floral. Notas de caqui e jasmim combinadas com madeiras, patchuli e almíscar.

Azzaro: amadeirado. Notas de gerânio de Bourbon, âmbar, sândalo, vetiver e musgo de carvalho.

 

História do perfume
Siga a linha do tempo e descubra que perfumar-se é um ato pra lá de interessante!

Pré-história: queimando madeiras e resinas, os homens das cavernas melhoravam o gosto dos alimentos;

Egito antigo: os egípcios honravam os deuses “esfumaçando” os ambientes e produzindo óleos perfumados para rituais;

Grécia antiga: os gregos trouxeram fragrâncias novas de suas expedições e usavam perfumes com características medicinais;

Mundo islâmico: o alambique tornou possível destilar matérias-primas, uma contribuição essencial para a perfumaria;

Ocidente – século 12: cristãos usavam fragrâncias para higiene pessoal e prevenção de doenças;

Idade Média: o perfume passa a ser muito usado em ambientes de banhos públicos;

Renascimento: a moda são perfumes doces, florais ou frutais;

Século 16: a moda são as luvas perfumadas, usadas pelos nobres europeus;

Século 17: auge das fragrâncias “animais”, perfumes intensos que usavam civete e musk em sua composição. Hoje, o uso de animais não é bem-visto, e, quando há, é limitado.

Século 18: os perfumes são reconhecidos por sua sensualidade, e surgem novas fragrâncias e frascos. Cristãos perfumam as cinzas na Quarta-Feira de Cinzas.

Século 19: o progresso da química permite a reprodução artificial de cheiros encontrados na natureza. Nascem as matérias-primas sintéticas.

Séculos 20 e 21: nos dias atuais, a perfumaria é acessível a todos. Perfume é sinônimo de encanto e sedução.


Publicado em 27/01/2011.

* Crédito das imagens: reprodução/divulgação